Beco das putas

Nada como presentear meus leitores, no primeiro dia do ano, com uma poesia. Desejo a todos um ano sem estes becos da vida, mas cheio de coisas boas, alegrias, com horizontes abertos e bem planejados. Avantes…

Foto do google

 

Tinha que encontrar um lugar.
Estava desesperado
com a dor pressionando a bexiga.
Andava olhando aflito
aqui, ali também não.
Onde? Onde?

E o beco salvou a pele dele.
O beco das putas,
assim era chamado o lugar.

“Ai! Que alívio!” sentia
e que desgraças povoavam sua mente.
“Aquele senhor me paga”,
dizia às paredes fedorentas.

Bebera um pouco
sim, sempre bebia um cadinho a mais.
Mas, ninguém tinha o direito
de dizer-lhe aquelas palavras.
“Nem por brincadeira”.

“Sua bicha!”
rosnava em uníssono
como um cão.
“Bicha é o avô dele!”

Era uma pessoa humilde
simples e discreta.
Dizer palavrões,
ah, não era o seu feitio.
Na frente dos outros, não.

Como um bom cozinheiro,
cozinhava tudo numa panela
dentro da sua cabeça
e deixava de molho a raiva,
que tinha de si mesmo
por não reagir.

A sua única delícia
era a vontade descontrolada
de mijar no mundo todo,
no pai muito rude,
na mãe controladora,
nos irmãos que caçoavam dele,
nos tios, primos,
conhecidos e desconhecidos,
nos olhares zombadores
nas palavras mau ditas
no patrão, no dono do bar,
e, naquele momento,
de mijar no senhor,
que desgraçou o seu dia.

Ronaldo Sérgio

Um comentário em “Beco das putas

  1. jomabastos disse:

    Ocasião única para dar uma mijadela em tudo e todos aqueles que lhe são adversos.

    Continuação de Feliz 2015!

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