Redemoinhos de vento

Foto do google

Naquele trecho da estrada,
a poeira se levantava
com o vento em redemoinho
na tardezinha de sol.

O menino que ali passava
a olhar parou um instante
e fez de conta que o vento
fosse trazer-lhe o mal.

Tão logo os ciscos voaram
Tão logo também caíram
e o menino seguiu caminho
assobiando pro “Tal”.

O céu sem nenhuma mancha
e o menino com tantas manhas
com um graveto na mão
só queria riscar o sol.
Não queria ficar alheio
aos perigos do capeta
dos redemoinhos apressados
que a vida leva e traz.

Riscar o chão com o graveto
uma metáfora do seu desejo
de querer furar o mundo
o vento, a vida e a morte.

Queria achar sentido
nos redemoinhos da vida
ao deixar um sinal no caminho
nem que fosse um risco apenas.

E ainda que a poeira respirada
sumisse dentro de si
e fosse uma parte de si
compondo seu caráter
não deixaria que os ciscos
que cegam e enfeitiçam
lhe roubassem o tempo
lhe tomassem a vida
e lhe fizessem frágil.

Redemoinhos de vento
portais do ‘Coisa Feia’
não lhe assutavam nunca.

O menino era feito de sol
o sol que acordava as montanhas
e trazia em sua alma
a força da luz de Deus.

Ronaldo Sérgio

7 comentários em “Redemoinhos de vento

  1. KAMBAMI disse:

    Lindo poema amigo!
    O nome do menino deve ser resiliência, pois mesmo na diversidade nada o afasta da trilha, nada o impede do desejo, nada lhe impõe o medo, decidido segue em frente como a um grande pequeno mestre, repleto de paciência. 🙂

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  2. Após uma reorganizada geral aqui nos meus blogs, refiz minha lista de favoritos e (re)encontrei o seu site. E vejo como seus textos ficam cada vez melhores.

    Grande conjunto de imagens… É arriscado fazer poemas hoje com essa temática da criança, pois se descamba muito fácil para o clichê. Mas aqui não tem clichês. Muito legal!

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  3. jomabastos disse:

    Deveríamos ser como o menino, apesar de todas as adversidades, permanecer no caminho, e assobiar ao “Tal”.

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