As panelas de minha mãe
eram como janelas abertas ao entardecer.
Sinto os sabores em minha boca,
sinto a espessura de suas mãos em mim.
As panelas de minha mãe
uma cruz, uma luz pr’o amanhã.
Vejo as tardinhas findando,
e seus ais esfumaçando o ar.
Fecho as janelas, fecho os dias
e deixo que vá, que fique lá.
As panelas de minha mãe, contudo,
pesam em minha alma
cheias de amor, de riso, de dor.
O que fizeste em mim
o que tocastes em mim
o que sofrestes por mim
um pouco de tudo!